sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Lagoa do Peri - Florianópolis

    A ilha de Florianópolis é cercada de lendas, e a origem da Lagoa do Peri é uma delas.  Havia uma bruxa chamada Conceição e um índio chamado Peri, os dois se apaixonaram mas não tinha a aprovação das bruxas nem dos índios. Quando foram descobertos Peri foi transformado numa lagoa, a Lagoa do Peri que possui formato de coração. Conceição chorou tanto pela perde de Peri que suas lágrimas formaram uma lagoa da Conceição. Outras versões dizem que o nome da lagoa se deve à uma planta chamada Peri. Histórias à parte, a Lagoa do Peri é um dos diversos cantos da ilha da magia que valem a pena visitar.

    A lagoa do Peri é uma reserva biológica localizada no sul da ilha, e abriga animais como lontra, macaco prego e jacaré do papo amarelo. Possui 11 metros de profundidade e 5,2 km de extensão. A lagoa possui  estrutura com estacionamento, banheiro, lanchonete, playground e caiaque e stand up para aluguel. 

    Você pode relaxar e aproveitar a lagoa, ou se quiser desvendar o local, há três trilhas: Caminho do Saquinho ( pode-se ver resquícios de engenhos coloniais), Caminho da Restinga (vai da lagoa à praia da Armação ) e o Caminho da Gurita, que é é o mais longo e também o mais atrativo por causa dos riachos e pequenas cachoeiras no caminho. Há também a opção de fazer este passeio que eu fiz, que você pode reservar no Airbnb  por este link. 
 

    Às 09:00 nos encontramos no ponto combinado e pegamos os caiaques e stand up (podia escolher). Enquanto estávamos nos preparando avistamos algumas revoadas de garças e outras aves. Foi a primeira vez que remei na agua doce, é muito mais cansativo do que remar na água salgada; e ainda havia vento e ondulações que deixavam tudo mais difícil. Depois de pouco mais de uma hora remando entramos de caiaque numa abertura que dava para uma floresta na lagoa, muito parecido com o pântano do Shreck, árvores no meio da água, barba de velho e bromélias. 


    Depois de remar mais um pouco ancoramos os caiaques e stand up e seguimos para uma curta trilha até a cachoeira da Gurita. A cachoeira também pode ser pela trilha do caminho da Gurita a pé, não tem necessidade de usar caiaque. Mas a paisagem do percurso feito com o caiaque é única, remar no meio da floresta metade submersa é um experiência incrível de proximidade com a natureza. Estávamos em quatro pessoas no passeio, não vimos mais nenhum turista, o silêncio  só era quebrado pelo barulho dos remos na água.





    Depois de chegar na cachoeira tivemos pouco mais de uma hora para aproveitar suas águas geladas e refrescantes. Este foi o ponto final do da trilha, depois retornamos onde deixamos os caiaques para voltar ao pântano, remar pela lagoa e finalizar o passeio.

    
A lagoa tem várias "prainhas" na costa, fizemos uma parada para descanso em uma delas. Esta pedra gigante tem um nome ( mas quem lembra? ahah), onde passamos de caiaque por dentro, uma experiência meio Jurassic Park. Todo o visual deste passeio da lagoa é muito único e diferente, as montanhas contornando a lagoa, as pedras com bromélias e barba de velho pendentes, revoadas de aves, tudo misturado ao silêncio e solitude da lagoa somente para nós...e um pescador ou outro com o seu barquinho, que apareciam no nosso caminho.

    Eu considero um passeio extremamente cansativo,  o vento no retorno deixou as remadas cada vez mais pesadas. Retornamos ao ponto de saída às 13:00 e eu estava muito cansada. O passeio foi na sexta e segunda-feira meu braço direito começou a latejar, a dor era tão forte que eu mal conseguia segurar um copo. No outro dia a dor piorou, fui para o pronto-socorro e ganhei 3 dias de atestado. O passeio é incrível, vale a pena, mas o trajeto remando é longo e cansativo.  Eu fiz este passeio com a guia Fernanda, reservei pelo air bnb e custou R$160,00. 



quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Ilha do Campeche - Florianópolis



A Ilha do Campeche fica no sul da ilha de Florianópolis, bem em frente à praia do Campeche, onde pode ser vista bem de perto. A ilha é pequena, tem cerca de 1,6 km de comprimento no sentido norte-sul e possui apenas uma praia: a praia da enseada, localizada no lado oeste e com 500 metros de extensão. Além de possuir águas azuis e cristalinas,  Ilha do Campeche é um importante sítio arqueológico e  tombada pelo IPHAN, o lado leste da ilha possui inscrições arqueológicas datadas de de 5000 a 3500 a.C., que podem ser vistas na trilha guiada.

Ilha vista da Praia do Campeche

Como chegar:

Para chegar até a ilha há vários caminhos: saída de barco da Barra da Lagoa ou Praia da Armação, saída de bote da praia do Campeche ( R$200,00 ) e passeio de lancha ($$$). Se tiver preparo físico pode ir nadando, de caiaque ou stand up paddle, já que a ilha é bem próxima da costa. Tem grupos que fazem essa travessia a nado para a ilha, mas é indicado se você tiver preparo para isso devido às correntezas.

Eu visitei a ilha duas vezes e na primeira vez saí da Barra da Lagoa. O trajeto dura 1:30 e o mar é bem agitado. Na segunda vez saí da Praia da Armação, o trajeto dura 30-40 minutos em barco de pesca, o mar é mais calmo e a viagem menos cansativa, prefiro esta opção. A Praia da Armação fica ao lado da Praia do Matadeiro, ambas são divididas pela Pontas das Campanhas, um morro que dá vista para as duas praias e um belo pôr do sol. Os barqueiros não aceitam cartão como pagamento, somente dinheiro ou PIX. Paguei R$80,00 em novembro de 2022 ( baixa temporada ). 

O passeios saem de acordo com as condições do mar, é interessante acompanhar a página da APAAPS ( associação de pescadores do Pântano do Sul ) no instagram para se atualizar, pois em alguns dias não há saída de barcos. 

Eu visitei a ilha duas vezes em novembro, baixa temporada com poucos turistas. Em feriados e alta temporada ela fica lotada, se puder evite o período de 15 de dezembro a final de janeiro e feriados ( 15/11  e Carnaval ).

Onde comprar o passeio:

Para a saída da Barra da Lagoa eu reservei por whattsapp com a Portal destino Florianópolis (48 9915-4695), a agência fica no centrinho da Barra da Lagoa. É preciso reservar antecipado, pois o IPHAN limitou o número de desembarques na Ilha do Campeche em 700 pessoas por dia.

Na Barra da Lagoa os barcos ficam debaixo da ponte metálica e saem pontualmente às 10:00. Havia frutas e água à vontade no barco. O passeio custou R$120,00 (2018), com pagamento antecipado de R$25,00 pelo PagSeguro. Menores de 5 anos não pagam. Precisa chegar antes na agência para pagar o restante do valor e pegar o recibo para mostrar ao entrar no barco. O passeio com saída da Barra da Lagoa por ser mais longo custa mais caro que o que sai da Armação.

Para quem sai da Praia da Armação, na baixa temporada o ingresso é comprado diretamente com os barqueiros no local. Na alta temporada é preciso reservar com a APPAPS, as filas para o barco ficam gigantes.  Os barcos saem a partir das 09:00, à medida que lotam. Como fui na baixa temporada precisei esperar o barco lotar, pois haviam poucas pessoas.

Saída da Barra da Lagoa



Saída da Praia da Armação

Informações importantes:
A ilha possui um restaurante com preços abusivos, a comida feita às pressas e sem qualidade. Aconselho levar a própria comida, só tome cuidado com os quatis, eles roubam até protetor solar. É proibido fazer churrasco e acampar. Você pode levar guarda sol e cadeira, alugar no lolca ou com os barqueiros na praia da Armação ( bem mais barato). O tempo de permanência da ilha é de 4 horas, não importa o horário que chegou. Se o barco chega às 09:00 por exemplo, às 13:00 é o seu horário máximo para sair ( se quiser voltar antes também pode ). Os últimos barcos saem da ilha às 16:00.
A água sempre tem esse tom azulado, mas se a maré estive baixa ela fica ainda mais azul e cristalina. A primeira foto é de 2018 com a maré 0.9 e  segunda foto em 2022 com a maré 0,2. Pesquise sobre a tábua de marés, o ideal é a maré estar no máximo 0,5 no horário do seu passeio.



Aí é só curtir as suas quatro horas na ilha! Recomendo fazer a trilha para o lado leste da ilha, é de nível fácil e a paisagem é deslumbrante. Durante a trilha a guia fornece informações sobre os primeiros habitantes, inscrições rupestres, fauna e flora da ilha. Não precisa ir de tênis, fiz de chinelo mesmo. 



Inscrições rupestres


O passeio saindo da praia da Armação tem um charme à parte, o sul da ilha ainda conserva muito da cultura açoriana e dos pescadores. Aproveite para conhecer a praia do Matadeiro e a Ponta das Campanhas, que divide as duas praias e tem uma vista incrível.







domingo, 6 de novembro de 2022

Barra da Lagoa - Florianópolis

A Barra da Lagoa é um dos meus locais preferidos de Florianópolis, já visitei várias vezes e sempre que volto para a ilha dou uma passada por lá Surgiu inicialmente era uma vila de pescadores, e hoje ainda preserva estas características. Barcos de pesca artesanal dividem espaço nas águas do canal com banhistas e surfistas. No molhe é comum ver pessoas com pequenas tarrafas à procura de tainhas. 



O que fazer na Barra da Lagoa:

A praia da Barra da Lagoa é muito procurada para a prática do surf, a parte mais ao norte rende boas e grandes ondas. Há locais para aluguel de prancha e se você nunca surfou também pode fazer uma aula nas várias escolas de surf do local.
No verão banhistas também aproveitam as águas do canal, onde é possível fazer snorkel, andar de caiaque, stand up e ver diversos peixes. Só tome cuidado com a correnteza, pois os barcos que vêm da Ilha do Campeche trazem uma correnteza muito forte de dentro do mar para o canal.


Após atravessar a ponte sobre o cana, encontra-se a servidão da Prainha, um aglomerado de ruas estreitas e charmosas com casinhas que ainda conservam a arquitetura portuguesa. Este caminho leva à Prainha da Barra da Lagoa e às piscinas naturais. A prainha é um charme à parte, fica acolhida entre as pedras e na baixa temporada é possível encontrá-la praticamente vazia.




Subindo um pouco depois da prainha, encontra-se a trilha para as piscinas naturais. A trilha é bem tranquila, pode até fazer de chinelo ( não recomendo, mas da pra fazer ). No caminho não é difícil avistar saguis e várias aves. 




As piscinas naturais na verdade são em mar aberto e com muitas pedras. Todo cuidado é pouco, principalmente na maré alta quando as ondas podem te jogar contra as pedras. Infelizmente já houveram mortes no local e pessoas sendo resgatadas por acidentes nas pedras. O ideal é consultar a tábua de marés e escolher um dia e horário onde ela esteja abaixo de 0.5. 



A paleta de cores criada pelo nascer e pôr do sol nas duas praias merece ser contemplado. Devido às montanhas o sol não nasce no mar, esconde-se atrás delas e vai iluminando até finalmente surgir. Se você fizer o trajeto em direção ao centro passará pelo Mirante da Lagoa da Conceição, com vista para a lagoa e as dunas. 



Mirante da Lagoa da Conceição

domingo, 14 de agosto de 2022

Trilha do Morro do Baú em Ilhota - SC

O Parque Botânico Municipal Morro do Baú fica na cidade de Ilhota, em meio às montanhas do vale do Itajaí em Santa Catarina. O Morro do Baú, que recebeu este nome por ter o seu formato similar ao de um caminhão baú, é muito conhecido na região do Vale do Itajaí e atrai regularmente muitos praticantes de trilha para subir os seus 812,46 metros de altura.

O parque foi fundado em 1961 pelo botânico Padre Raulino Reitz, com o objetivo de preservar a sua área de 750 hectares. O parque conta com sede e quiosques para camping e churrasco, mas após o desastre das enchentes de 2008 que ocasionaram vários deslizamentos e mortes na região do entorno do Morro do Baú, toda esta estrutura encontra-se abandonada.

Foto: https://oeco.org.br/colunas/20434-o-dia-em-que-santa-catarina-derreteu/

O parque fica localizado na Estrada Geral do Baú, s/n, fiz o trajeto vindo pela Rodovia Ingo Hering ( BR 470 ) e entrando pela Rua Bonifácio Händchen. O caminho é feito boa parte por estrada de barro, e a paisagem torna-se cada vez mais rural e bucólica conforme nos aproximamos do Morro do Baú. Chegamos cerca de 08:30 à antiga sede para iniciar a trilha e retornamos às 15:00 ao estacionamento. O trajeto total tem 4140 metros.


Como já mencionei, o parque encontra-se abandonado há anos, então não há cobrança de entrada ou controle de quem entra e sai do parque. Deixamos os carros estacionados em frente à antiga sede e seguimos para a trilha. Não há registros de roubos ou assaltos no local, que é bastante isolado. Mesmo sem um guarda acho seguro deixar o carro ali para fazer a trilha.


A trilha é considerada nível 4 ( moderada ). A subida tem pouca inclinação, salvo algumas partes com escalaminhada ( subida em pedras ou "degraus" ). Mesmo não sendo uma trilha que exija experiência, não aconselho a fazer sem guia ou alguém que conheça bem o local. Eu fiz a trilha em grupo com a @terramediatrekking de Blumenau, o guia já subiu e acampou algumas vezes no morro. Já houve casos de grupos que se perderam e foram resgatados de helicóptero, inclusive havia um casal perdido quando estávamos voltando do cume.

Ao longo da trilha há vários locais com água, mas somente na fonte da foto a água é potável. Apesar de isolado, há moradores nos arredores, não sendo confiável beber água de qualquer local durante a trilha. No meio do percurso há uma clareira onde as pessoas costumam acampar para depois subir de madrugada para ver o por do sol no cume.



Eram cerca de 11:00 quando chegamos ao cume, paramos para fazer um lanche e apreciar a vista. Do lado leste do Morro do Baú você pode ver as cidades do litoral e seus prédios. Do lado oeste as cidades de Gaspar e a Igreja Matriz, Blumenau e Jaraguá do Sul. O guia conseguiu identificar alguns picos de Jaraguá do Sul e o Spitzkopf de Blumenau, você pode procurar nas fotos porque eu não se identificar rsrsrs. Perto da sede do Morro do Baú tem uma cachoeira, que pode ser vista do cume.



Depois de bem alimentados seguimos para o retorno da trilha. Chegamos cerca de 15:00 na sede e fizemos uma curta trilha para a cachoeira, que também é utilizada para fazer rapel devido à sua formação rochosa.
                                       Morro do Baú ao fundo e Cachoeira do Morro do Baú